"O cérebro dos psicopatas tem menos massa cinzenta"

10-05-2012

A psicopatia corresponde a anomalias cerebrais específicas que a distinguem das outras perturbações anti-sociais da personalidade, conclui um novo estudo.


Dimensão reflexiva sobre esta notícia:

Os psicopatas não apresentam emoções nem qualquer compaixão pelo outro ou culpa pelo que fazem.

Uma vez que estes não apresentam um sistema emocional funcional, quando comparados com seres humanos "normais", as suas decisões e a sua inteligência não são interrompidos/influenciados pelos sentimentos, como, por exemplo: pela ansiedade, pelo stress ou até pela culpa. As nossas emoções muitas vezes levam-nos a fazer coisas de forma impulsiva e sem pensar.

Sabe-se que as ligações neurais do cérebro de um psicopata são fisicamente diferentes dos de uma pessoa "normal" e que estes não trabalham as partes do cérebro relacionadas com a ética moral. Isto explica-nos a sua impossibilidade de distinguir o que é certo do que é errado.

Numa prisão, investigadores compararam o cérebro de 20 presos com diagnóstico de psicopatia, com outros 20 que cometeram crimes semelhantes, mas que não tinham sido diagnosticados com psicopatia.

Depois da realização de ressonâncias magnéticas em psicopatas concluiu-se que estes apresentavam um menor número de conexões entre o córtex pré-frontal (parte do cérebro responsável pelos sentimentos) e a amígdala, que estava relacionada com o medo e a ansiedade. Estas duas estruturas cerebrais, que os cientistas acreditam serem as responsáveis pela regulação das emoções e do comportamento social, aparentam não ter grande conexão, o que explica o comportamento insensível e impulsivo de pessoas diagnosticadas com psicopatia.

Neste estudo foi também realizado um tipo especial de ressonância magnética que mostrou uma redução da substância branca que conecta as duas áreas. Ou seja, estas duas estruturas cerebrais, que regulam as emoções e o comportamento social, parecem não estar a comunicar como deveriam.

Os mesmos mostraram um prejuízo no sistema de neurónios em espelho, sistema que, no cérebro das pessoas "normais", é responsável pela empatia, e apenas fica ativo quando executamos uma ação, ou quando percebemos que outra pessoa realizou a mesma ação que nós.

Num outro estudo, os resultados mostraram que os psicopatas na prisão, quando expostos a situações dolorosas, não ativavam na fMRI (técnica de radiologia que produz imagens de alta resolução com bom contraste entre os tecidos de cérebros diferentes), as áreas do cérebro dedicadas ao processamento emocional e à empatia pela dor. Quando foi pedido para imaginarem alguém a sentir dor estes não foram capazes de dar qualquer resposta.

Nigel Blackwood afirmou também que os psicopatas na prisão apresentavam uma redução do volume da substância cinzenta no córtex pré-frontal, o que compromete a tomada de decisões entre o beneficiar o outro ou a nós mesmos.

Devido a tudo isto, podemos dizer que os psicopatas apresentam um "coração frio".

A relação entre a justiça e a psicopatia está também presente na atualidade. Em 2011, um psicopata norueguês assassinou 77 pessoas e feriu 51, foi condenado à pena máxima de prisão, apesar de ter sido equacionado o diagnóstico de psicose, para lhe reduzir a pena a cumprir.

Acredito que reconhecer as alterações na estrutura e funcionamento do cérebro dos psicopatas, terá implicações no tratamento dos indivíduos que cometem crimes. Será importante diferenciar os psicopatas que, apesar de terem pior prognóstico, beneficiam de programas de tratamento específicos.

A nível judicial, identificar os psicopatas terá consequências, em que estes, serão responsabilizados pelos seus crimes, enquanto os que cometeram um crime no decorrer de uma doença psiquiátrica como a psicose, serão considerados inimputáveis e cumprirão uma medida de segurança.

Concluo assim que os psicopatas apresentam as áreas cerebrais responsáveis pelo controle cognitivo e pela regulação da emoção comprometidas. As regiões do cérebro que se encontram ligadas à empatia e à emoção apresentam uma menor atividade e desenvolvimento. Estas diferenças estruturais e funcionais podem explicar também explicar a insensibilidade e a impulsividade associadas que os indivíduos diagnosticados com psicopatia apresentam...  

não existe justiça no sistema judicial para psicopatas que cometeram crimes. Estes não são capazes de distinguir o mal do bem e não sentem culpa, pelo que não é justo serem castigados da mesma forma do que aqueles que são capazes de distinguir o bem do mal e sentem a culpa, ou seja, das pessoas "normais".




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