Neste documentário, os responsáveis pelo desenvolvimento das "gambling machines" revelam-nos todo o processo que está por detrás da construção destas máquinas.
Este é composto por uma rede organizada de matemáticos, músicos e designers que, em conjunto, trabalham de modo a garantir que os apostadores continuem a jogar e, simultaneamente, que as máquinas continuem a "fazer" dinheiro. O vício do jogo tem enormes consequências, não só a nível financeiro como também social, emocional e na vida pessoal.
As perdas financeiras para os jogadores podem ser enormes. As vítimas deste vício, não só relatam problemas financeiros como também, três em cada quatro pessoas, sentiram dependência e uma certa ligação entre o vício e os problemas nos relacionamentos pessoais. Enquanto estes problemas ocorrem com as pessoas, diversos clubes que patrocinavam os Pokies como: Coles, Woolworths e estabelecimentos da R.S.L. beneficiam com estes problemas.
Quando o documentário foi lançado, o "vício do jogo" era apenas visto como um passatempo inofensivo no qual apenas os "fracos" ficavam viciados. Na Austrália, os Pokies deixaram de ser ilegais e espalharam-se por vários locais. A Austrália tornou-se a capital mundial dos Pokies, com cinco vezes mais máquinas per capita do que os EUA e do que qualquer outro país do mundo, excluindo os "gambling destinations" como o Mónaco.
No documentário, além dos diversos neurocientistas, antropólogos e especialistas em jogos, temos também a oportunidade de ouvir as vítimas deste vício. Estas descrevem-no como um "hipnotismo ilegal", ou seja, os criadores das máquinas permitem que os jogadores entrem numa "dimensão fantástica" cheia de sons, figuras, cores... O jogador acaba por ser hipnotizado e, as vítimas referem que muitas vezes usam estas máquinas de apostas como uma forma de fugir às frustrações e aos problemas do mundo exterior. As vítimas lançam algumas dúvidas no que toca à afirmação da indústria e do contínuo aumento do problema.
Assim como o cão de Pavlov, que aprendeu a salivar ao som de um sino, os jogadores de Pokies aprendem a associar recompensas através do som das máquinas, afirmam os investigadores dos jogos de Pokies.
Se analisarmos cuidadosamente estas máquinas de apostas, estas estão constantemente a emitir sons como sinos, assobios, músicas, de modo a provocar no jogador um certo vício. Os jogadores acabam por associar esses sons a recompensas quando, na verdade, estão a perder mais dinheiro cada vez que fazem uma nova aposta.
Uma antropóloga afirma que a atividade cerebral associada ao vício em jogos de apostas é semelhante à do vício de substâncias. Esta refere também que as máquinas de Pokies têm sido chamadas de "morfina eletrónica". Muitas pessoas, nos dias de hoje, ainda têm dificuldade em entender que uma máquina pode ser viciante, associando o vício apenas a substâncias inaladas ou ingeridas.
A Austrália tem mais de 200.000 Pokies em todo o país e, é nas comunidades mais pobres que existem mais máquinas e onde se perde mais dinheiro.
A intenção da OMS ao classificar o vício nos jogos como doença é estabelecer critérios para que médicos e pacientes consigam decidir a melhor forma de tratar este vício. Na China e na Coreia do Sul, por exemplo, já há diversas clínicas para viciados em jogos.
Conclusão
A procura por diversão, dinheiro, status, ou até mesmo uma simples curiosidade, pode acabar provocando uma grande dependência.
Por conta do vício, a pessoa perde o discernimento, preferindo muitas vezes mais uma partida do que, por exemplo, passar tempo com a sua família, prejudicando assim a sua vida pessoal, pela falta compulsão e falta de controle.
O comportamento de uma pessoa viciada em jogos torna-se evidente, pois, alguns sintomas podem ser observados pelas pessoas ao seu redor, como irritabilidade, insônias, ansiedade ou até depressão. Por isso, o apoio da família e dos amigos é um fator crucial para a recuperação de uma pessoa dependente de jogos.